GESTÃO DA INCERTEZA
Tempos de crise colocam em xeque coerência do discurso corporativo
Empresas e lares brasileiros vivem a síndrome da torneira fechada, reflexo não apenas da crise hídrica enfrentada país afora como também do cenário político e econômico que vem se agravando ao longo dos meses. A cada dia, os principais índices financeiros dão conta do tamanho do desafio a ser superado, em uma empreitada que, para além da gestão apurada de custos, exige das lideranças empresariais atitude, coerência, visão e clareza.
Roberto Lui, vice-presidente de RH da Ceva Logistics para a América do Sul
“A incerteza faz parte da história da humanidade, que de tempos em tempos se vê diante de situações de mudança. Para atravessar momentos de turbulência, as organizações precisam contar com um conjunto sólido de valores e princípios que se mantenham íntegros e sirvam de bússola para indicar o norte a ser seguido, seja em contextos positivos ou de crise. A complexidade aumenta diante de condições desfavoráveis, exigindo soluções menos óbvias. Nesse ponto surge a dicotomia de compatibilizar o núcleo firme com aspectos de flexibilidade e resiliência. Um fator preponderante diz respeito à comunicação, que deve ser intensificada para levar esclarecimento e propiciar a participação de todos na busca da superação dos problemas. Vislumbrar o futuro, antevendo perspectivas de dois a três cenários adiante, permite não perder o foco. Em mares revoltos, o mastro dá a sustentação, o leme garante a navegabilidade e o farol possibilita saber aonde se quer chegar.”
Oliver Kamakura, sócio da EY (Ernst Young) para a área de Human Capital
“No Brasil de hoje, a apreensão se faz presente no contexto das empresas, que estão tendo de rever caminhos. Com o agravamento da crise, projetos foram descontinuados, desacelerados ou postergados, trazendo grande desconforto e frustração para indivíduos e organizações. Houve refreamento de planos mais agressivos de internacionalização e outras tantas medidas que, no fim do dia, afetam a vida e a carreira das pessoas, bem como a dinâmica dos negócios. A atenção aos números é um aspecto sensível do momento. Contudo, há que se levar em conta também o lado humano, contrapondo a ansiedade com comunicação clara, transparente e objetiva. Ainda que o potencial do país justifique o otimismo com o futuro, o quadro atual é grave e pode se complicar. Estabelecer uma agenda colaborativa e mobilizar os times incentiva o surgimento de ideias mais criativas para fazer frente a essa situação, criando mesmo oportunidades de ampliar o engajamento e trabalhar a marca de empregador.”
tanthasnc.wordpress.com 