GESTÃO & CARREIRA – EXAME 1098

CARREIRA EM DOSE DUPLA

Casal retoma trajetória executiva após parada estratégica intencional

Compor e articular interesses profissionais tem se tornado uma demanda cada vez mais presente na vida de casais formados por pessoas que exercem funções executivas de ponta. Mudanças constantes no mercado, conjuntura econômica difícil, aumento da expectativa de vida e um mundo cada vez mais globalizado, no qual as oportunidades nem sempre estão geograficamente próximas, ampliam a complexidade desse ajuste, requerendo maior apuro e protagonismo na gestão da carreira individual e no planejamento conjugado, pactuado a dois.

Malena Martelli, vice-presidente de RH da Schneider Electric

“Não foi sem estranhamento que o mercado recebeu a decisão que tomamos. Somando juntos mais de seis décadas de atuação profissional, em trajetórias que ultrapassam os 30 anos de atividades, eu e meu marido nos preparamos para uma parada estratégica. Exercíamos cargos seniores em empresas relevantes, contando com remuneração atraente, porém queríamos experimentar novos aprendizados, dispondo de tempo para refletir sobre as escolhas e desfrutar a vida. A ideia amadureceu, amparada por um forte trabalho de planejamento. Tínhamos a nosso favor a experiência acumulada e uma sólida bagagem de conhecimento, além de reservas financeiras para a interrupção pelo período de um ano, sem maiores impactos, ou por até dois anos, com cortes e adequações. Mesmo com a crise do país, mais profunda do que o imaginado, conseguimos realizar nosso tento. Um aspecto fundamental foi o cuidado em manter ativa e informada a rede de relacionamentos, comunicando os planos e tornando explícito o nosso projeto.”

Gilberto Martelli, diretor de RH da Concentrix

“Com o aumento da expectativa de vida, a tendência é continuarmos trabalhando até mais tarde. Nesse contexto, considerei oportuno um hiato para atender a algumas necessidades pessoais e familiares e também para pensar os próximos movimentos de carreira, delineando uma procura de trabalho mais assertiva e alinhada aos meus propósitos. Igual perspectiva era compartilhada por minha esposa, também profissional de recursos humanos. Fizemos, então, um criterioso planejamento conjunto, de modo a viabilizar que ambos pudessem abrir mão temporariamente da função executiva. Decidimos não prospectar o mercado durante esse intervalo, sem deixar, no entanto, de estudar as propostas que surgiram, o que serviu para balizar nossas escolhas. Pelo fato de atuarmos na área de RH, chegamos a competir pela mesma vaga, fato que fortaleceu o entendimento do projeto de cada um, afinando a busca estruturada que teve início ao decidirmos que era chegada a hora de retornar ao universo corporativo.”